terça-feira, 10 de março de 2009

EU QUERIA ESQUECER MEU NOME

Eu queria esquecer o meu nome.
Ao dizer isto, jamais conseguirei.
Só se pode não ter nome,
se o nome for tomado à força.
Não é como fazem com os signos,
arrancados aos objetos-em-si,
primeiro ao batizarem as coisas
depois ao definí-las e, a seguir,
tentando aprimorá-las no ato
de comparar isso e aquilo,
disfarçando a natureza
com inveja de uma existência
não precisar de nome.

Por que precisamos de nome
se já somos homem?
Que homem é isto
que ainda precisa de nome?

É preciso ter um nome
para lembrar que um dia
seremos lembrança pronunciada.
Mas, é um nome que ficará de mim ou
ficará de mim gesto e presença
no momento da dor do outro?

Solapar um nome é desumanizar
a vida autoral...
a vida outrora...
Tolher o que há de autonomia
Antes do desejo erguer-se.

E um bicho sem nome, à solta?
O que é o bicho além de espécie?
Que espécie de homem é só sua raça?
Um bicho é soberano de sua vida.
O homem é soberano de seu nome,
mesmo que não o tenha escolhido.

Como a vida nos educa e consiste,
acaba que o nome nos escolhe.
Não por sublinhar um sujeito,
mas por nos fazer sonhar
que somos dignos de singularidade.

Não somos nada disso!!!!
Nem nome, nem dignos...
E só seremos singulares
no átimo do amor
- esse o nosso atributo
e sermos precursores do amanhã.

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