OS 10 OBJETIVOS DE AÇÃO PARA O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2009
1. Pela construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas, livre de armas, especialmente as nucleares; 2. Pela libertação do mundo do domínio do capital, das multinacionais, da dominação imperialista patriarcal, colonial e neo-colonial e de sistemas desiguais de comércio, com cancelamento da dívida dos países empobrecidos; 3. Pelo acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade e da natureza, pela preservação de nosso planeta e seus recursos, especialmente da água, das florestas e fontes renováveis de energia; 4. Pela democratização e descolonização do conhecimento, da cultura e da comunicação, pela criação de um sistema compartilhado de conhecimento e saberes, com o desmantelamento dos Direitos de Propriedade Intelectual; 5. Pela dignidade, diversidade, garantia da igualdade de gênero, raça, etnia, geração, orientação sexual e eliminação de todas as formas de discriminação e castas (discriminação baseada na descendência); 6. Pela garantia (ao longo da vida de todas as pessoas) dos direitos econômicos, sociais, humanos, culturais e ambientais, especialmente os direitos à saúde, educação, habitação, emprego, trabalho digno, comunicação e alimentação (com garantia de segurança e soberania alimentar); 7. Pela construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos, inclusive das minorias e dos migrantes; 8. Pela construção de uma economia centrada em todos os povos, democratizada, emancipatória, sustentável e solidária, com comércio ético e justo; 9. Pela ampliação e construção de estruturas e instituições políticas e econômicas – locais, nacionais e globais – realmente democráticas, com a participação da população nas decisões e controle dos assuntos e recursos públicos; 10. Pela defesa da natureza (amazônica e outros ecossitemas) como fonte de vida para o Planeta Terra e aos povos originários do mundo (indígenas, afrodescendentes, tribais, ribeirinhos) que exigem seus territórios, línguas, culturas, identidades, justiça ambiental, espiritualidade e bom viver.
CONSPIRAÇÕES E INCONFIDÊNCIAS DE UM CAÇADOR DE MENINAS GERAIS "As amadas são, na poesia lírica e conceitual, desabrida, de Bruno Cattoni, suas jazidas. Assim ele sagra a amada, no fim do império que ela odeia, invectivando-a a exercer o poder e a verdadeira arte de ser mais que o caçador e a caça.(...) Caçador de palavras, a poesia arde em Bruno Cattoni verdadeira, domada, genuína, herdada de um avô-poeta de outrora, em outros termos, no sonho de rutilantes pedras verdes embrenhadas nas matas brasileiras." Olga Savary KALUSHA "O tema Kalusha, a princesa mendiga, chegou ao poeta em forma de sonho e foi se transformando num pólo de sincronias supreendentes.O livro é um longo poema de amor místico, libertário, onde inquietações de natureza social e épica, se vão costurando em torno da princesa imaginária, num cenário africano e milenar que é quase um evocar de vidas passadas, como diz o poeta logo no início: Ao reviveres as noites distantes / sou eu que te aguardo / sou eu que estou antes / de todos os sóis passados." Salgado Maranhão
OSSO, NA CABECEIRA DAS AVALANCHES "A construção poética de "Osso..." quase nivela fala e palavra, o que dá ao leitor um prazer especial. O que está em jogo são os sentimentos, e o autor provoca surpresa, embrutecimento, contemplação ou inércia ao explorar a linguagem à qual se dedica com afinco, a poesia. Poema sobre o vazio, Reflexão, Na cabeceira das avalanches e O passo são alguns exemplos da alta qualidade estética deste trabalho. A metáfora do título resume o livro: chegar ao osso, atingir a estrutura mais forte, descartar a adiposidade. Cattoni propõe uma aventura e se mantém cúmplice. Quem embarca não se arrepende." Eliane Lobato (Revista ISTOÉ)
SILÊNCIO DE GIRASSÓIS - UMA AVENTURA SOLIDÁRIA NO LIXÃO DO MORRO DO CÉU "Teu belo e trabalhoso livro me fortalece a convicção de que além da finalidade estética, inerente à toda obra de arte, o poema deve ter e levar, no âmago de suas metáforas, na música de suas palavras, uma utilidade ética. Além da felicidade inefável que só a poesia sabe dar, ela pode e deve plantar, no chão sensível da consciência do leitor, a advertência à bondade, o gosto da ternura, o chamado para que elefaça a sua parte na construção de uma sociedade humana solidária. Poesia social, política, como escarnecem os herméticos im-penetráveis? Não. Poesia que serve à grandeza, à beleza e à dignidade da condição humana." Thiago de Mello
OSSO, NA CABECEIRA DAS AVALANCHES "À noite, em 21 de Junho de 2005, fui conhecer Bruno Cattoni, que lançava um livro de poesias, que girava em torno de um homem que “escrevia com os ossos”, porque só assim as palavras expressavam a dor de existir. Esse homem que “escrevia com os ossos”, com a precisão do corte de um cirurgião experiente, arrasta Bruno aos enigmas do tempo, onde vida e morte se tocam atravessadas pelo desejo. Esse homem “de existência óssea”, que escolheu “sofrer até o talo”, invade a alma de Bruno, acossando-o a desenterrar o “passado que não se esgotou”. Assim se inicia uma luta entre criador e criatura, em que Bruno, apesar de “tão esmagado”, em vez de sucumbir à dor, desperta das ruínas para reescrever com palavras “o que foi escrito com os ossos”. Assim o amor tecido letra a letra pelo desejo de escrever origina a criação de uma obra que causa a repetição de mais uma história de amor… Mas, leitores, prestem atenção! Não se trata do amor que nasce da captura de corpos traídos pelo olhar. Há muito tempo atrás, eu escrevi um artigo sobre os trovadores: Esses poetas que falam do amor como se fossem mulheres. Nele, retomo as considerações de Jacques Lacan sobre o amor cortês. Ele é o único amor verdadeiro, na medida em que indica o que há de paradoxal no próprio amor: não é possível de dois se fazer Um. A tão almejada Completude nunca é encontrada, porque o que falta ao amante nunca é o que o objeto amado tem para lhe oferecer. Nas Cantigas de Amor, a Dama, como amada, só pode ser abordada pelo trovador como um objeto que resvala, que escapa, apontando dessa forma para um vazio, cuja referência é o indizível. Na época em que Bruno fazia seu livro, leu esse artigo e se encantou com alguma coisa que não sei bem o que é. Começou a procura. Ele me achou:— Sou Bruno Cattoni. Acabei de escrever um livro de poesia que está no prelo. Li seu artigo sobre poesia medieval na Internet. Quero que você faça a apresentação do meu livro. Eu estava me recuperando de uma delicada cirurgia e não queria nenhum compromisso com a escrita. Mas não disse isso. Perguntei pelo prazo e Bruno me disse que esperava o tempo necessário. Acertamos que a editora me mandaria o livro por e-mail. Fiquei bastante apreensiva. E se fosse desses que escrevem mal pra caramba, mas acham que são poetas? Não faço parte da lista dos “famosos” (pensava), então ele deve mesmo ter gostado do meu texto. Enfim uma sensação esquisita me acompanhou durante alguns dias. Cheguei inclusive a comentar esse fato com alguém na universidade em que trabalho. Mas depois de um monte de perguntas, as quais obviamente eu não sabia responder, achei melhor não falar mais disso, até porque eu só tomaria qualquer decisão depois de ler o livro. É certo que liguei para a editora para saber algumas informações sobre o autor. Mas nada disso aliviou a sensação de estranhamento diante de tal convite. Foi com um frio no estômago que abri o anexo do e-mail que a editora me mandou. Apaixonei-me pelo livro. Li e reli várias vezes. O osso como alicerce é metáfora do nada. O osso como resto é metonímia da morte. O que vem em suplência a essa dupla experiência de horror é o desejo. Amar e sonhar, entrelaçados pelo desejo, interrogam a existência: “O enigma do homem levita no vazio”. Aconteceu — como diria Fedro, o primeiro interlocutor de O Banquete de Platão — o milagre do amor: a transformação do amado em amante. Sim, pois foi como amante que sentei no computador para começar a escrever a apresentação do livro". Nadiá Paulo Ferreira (Prof. Titular de Literatura Portuguesa/UERJ - Psicanalista/Corpo Freudiano Escola de Psicanálise, Seção Rio de Janeiro)