domingo, 8 de março de 2009

CAPACIDADE DE ENTREGA

Parei para chorar por amor.
Parei de sofrer e de sorrir
E estanquei rios de sangue
Que iam verter até o fim
Para chorar de tanta vida.

Neste leito de corredeiras
Passou a água do sentido
Na direção do lago divino.
Folhas, frutos e sementes
Partiam para a fertilidade.

Caminhávamos tranqüilos,
Disponíveis, sem projetos,
Pensando em salvar vidas,
Abrir-se, abrir-se até o topo
Num rasgão de cima abaixo.

É que a luta pelo amor virou
A grande luta pela vida geral.
Nesta lida, ação sem paradas,
Rompeu os limites possíveis
Nossa capacidade de entrega.

Parei para chamar de amor
Todos os elos, laços, liames
Que na planície do humano
Reatam afetos fracionados,
Reintegram mãos desunidas.

Não fiz críticas nem reparos.
Aceitei as fortunas diferentes.
Se um dia descansar do viver,
Será o mesmo que prosseguir
Para além de nós que andamos.

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