domingo, 18 de dezembro de 2011

CASA DEFINITIVA

A felicidade é uma casa definitiva
quando finda sua derradeira recidiva.
Ela não vem mais, ou deixa de refluir,
como uma alegria endêmica malcurada.

Já o amor dá lugar à sua busca,
substituído pelo eterno caminhar.
Todo amor pode esperar pelo amor todo,
Antes da casa definitiva não há lugar.

A busca da felicidade como sua meta
não traz inclusa o tempo da chegada.
O amor antes de alcançar já se realiza
O alvo existe pra cá da seta lançada.

E quem não gasta a felicidade por aí
sem planos de chegar um dia a este lar?
Buscando a hora feliz sem se dar conta
de que a vez do gozo é só quando se ri.

Felicidade feita de conta, uma farsa
que se espera sempre, fingindo que vem.
Essa que vi vai ver viram virar vidro
Depois de rutilar pepita gema diamante.

Num instante, onde ela está ela passa.
No amor basta a caça, ilusão de amantes.
Amor: meio de produção. Felicidade, não:
ela é causa em si, é como atividade-fim.

Felicidade: caminhos, viagem indefinida.
Sabemos, no caos, que o amor vive em nós
e onde nós viveremos enfim ao voltarmos?
Vamos afinal para nossa casa definitiva!

Matéria de bloco, argila, cimento, cal...
Agora não perco o foco, não olho atrás.
Antes de botar o pé na cova, vou pra casa.
A felicidade é sim a residência em paz.

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