domingo, 18 de dezembro de 2011









ALGUÉM COMO VOCÊ

Eu não terei mais chá em casa
porque há muitos revólveres em todas as casas,
gritos surdos, apelos mudos, cansaços
mais violentos que os tiros absurdos
dessa guerra interior, nos abismos, cascalhos
e as flores que chovem não aliviam o mormaço
que desceu nas relações em chagas da vizinhança.

Não tenho mais chá em casa, só folhas sem sabor
Mesmo assim eu as fervo para sentir o calor
subindo na fumaça que açoita o ar nervosa...
As idéias, teorias, teoremas, teses...covardias
com este coração transbordando de seiva e óleo.
Estamos pálidos de tanta censura sem senso,
de tantas sensações sem costura de sentimento.

Já é muito pra nós não termos chá em casa...
Como vamos recordar os passeios sem o outro?
Como fizeram sentido se haviam sem aprovação
do nosso conhecido olhar de meninos que amam?
Tomemos essa frustração não registrada antes
mas sofrida sim...Onde foi que a sofremos?
Em que parte do peito que agora não vejo meu?
Já éramos servos do desejo que iríamos sentir
mas não temos chá em casa para saber disso.

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