domingo, 26 de abril de 2009


CORDEL DA LUA EM GÊMEOS

Ai, ai, ai, como penso em você!
Que perigoso frêmito que ecoa!
Quando só pensamos na pessoa
distraímo-nos dos vetos
e da vera relação possível.
Arte da lua em gêmeos,
aspecto da falação do afeto
(nos silêncios que o plano é tecido).
Paixão é burburinho,
é rumor de um canarinho
que não cansa de cantar,
que não deixa decantar.
Mas a vida, tão cansativa,
precisa, nas tratativas,
de um comando perfeito
para juntar o encanto ao defeito
que é de todas a melhor prerrogativa
de quem não quer ser logo descartado.
Porque o defeito também encanta
quando apurado na bateia do amor.
Mas como perceber o que a Natureza fez malfeito
se, na apnéia do espanto, não há censor nem censura,
se se olha, entre juras, desvanecido para a beleza
(sedutora parte de tudo o que acaba),
desligada de tudo o que desaba
(do cicio dos avisos, da efêmera ribalta),
deslizada na bába do momento
em que se dá o sentimento
de ter encontrado a natureza que falta
ao que se pensou de você.

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