sábado, 18 de abril de 2009


AFETOS EXATOS

Fique límpida como uma transparência viva
Numa era opaca para espelhar a luz humana.
Fique síncope de nuvens num céu convulso,
A chover saliva ardente, lava de duplo signo,
Lavando a lava dos vulcões que vêm limpar.
Que o Sol ainda não invada as noites de sono,
Sonhos prossigam como a anarquia do cogito,
Das idéias que alegram os rufiões da filosofia.
E nossa opinião só valha quando em projeto,
Quando for para inventar a morada amorosa.
E os senhores possam imitar em generosidade
Escravos que já banharam o ódio nos perdões.
Mestres e aprendizes unidos sublevem o saber,
Medo que cede lugar à ousadia dos que agem.
Fique fímbria e caudal, rio tecido na margem.
Como artérias que se alargam ao amor chegar
Num coração que fabrico fora dos confrontos.
Fique encontro, quem espera alguém de mim.
Não há alguém em ti, mas a flor de ti mesma.
Até que num motim suas vísceras se acendam
Emerjam para buscar nos ex-atos que fugiram
Os ensejos que se desconectaram dos desejos.
Como uma humilde pastora avança ao estrelato
Com suas ovelhas inquietas na intuição coletiva
Ansiando a abordagem dos touros endiabrados.

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