sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ELA VAI

Ainda que nada mais seja segredo,
Ainda que nada mais tenha mistério,
Ela deixará seu sangue correndo nas veias
E partirá, mesmo sem decisão ou escolha.

Ainda que haja dia o tempo todo,
Ela saberá viver sem o destino a molestá-la
E partirá mesmo que rumo outro
Tenha a marca de muitas e fundas pegadas.

Ainda que haja firmeza em tudo o que a faz ficar
E haja até a certeza impossível vencendo as ambiguidades,
Ela irá contra o vento, as marés, as conjunturas,
Ignorando que foi contra as juras cansadas.

Ainda que a fé não a açoite,
Ainda que nunca aceite chegar pra onde irá,
Todos os santos a levarão dentro do peito,
Num carnaval silencioso ensurdecendo a noite.
Ela caminhará sem pés e sem veículos,
Pois todo o movimento que a concerne
De repente nada mais move.

Não voará, navegará, cavalgará, nem levitará...
Ela vai como se já tivesse ido!
Porque o feitiço é imponderavelmente maior,
Desmedidamente maior,
Imediatamente maior,
Que os invencíveis Leviatãs.

Nem é para o bem, porque os sistemas binários
Se fragmentaram em tal atropelo
Que as leis do enquanto não se aplicam aos universos.
Ela vai, e só não aleatoriamente porque tomou os acasos
de assalto.
Nem vai com jeito de ir porque seu eu,
Antes sem ego, agora sem coração e cérebro,
Não sabe nome de nenhum verbo.

Ela vai sem que alguém a espere
E sem que essa orientação
Seja resposta para suas dúvidas.

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